Olho Torto

Wednesday, August 02, 2006

Silvana


Gosto muito de contar “causos”, histórias, piadas (qdo eu me lembro), mentiras (vou chamar de estórias que fica mais bonito), filmes... muitas coisas... então vou contar algo aqui. Sempre tem algum engraçadinho que vai dizer: “Então vou contar com vc... 1, 2, 3, 4, 5, 6...”. Mas o que vou contar tem números sim... mas que poucas pessoas podem dizer o que representam e só duas pessoas sabem o que realmente significam.

Observe o conjunto {1, 2, 3, 5, 6, 17, 18, 19, 31, 32, 137, 1979, 1980, 1983, 1997, 1998, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006...}

O que é isso??? É uma seqüência de relevância matemática??? Como foi obtido??? É infinita??? Tem limite??? É convergente???

Bom... é um conjunto numérico. Pode até ter importância matemática... quem sabe tem um padrão escondido aí. Mas se tiver, é mais um padrão obtido aleatoriamente (já acharam até códigos “secretos” na bíblia... hoje em dia, através dos super-computadores, se acha padrão em tudo... no atentado ao WTC... e pq não no meu conjunto???).

Foi obtido da seguinte forma:

No dia 5 de junho (6) de 1980, em Frederico Westphalen (RS), nasceu mais uma pessoa no mundo (coitada... rsrsrs). Era Silvana Aparecida Hugue que saia chorando (suponho eu) do útero de sua mãe (foi parto normal... se a criança não chorou, Silvia Hugue deve ter chorado).

Ainda pequenina e loiríssima, sua família se mudou para o Mato Grosso. Primeiramente foram para Nova Xavantina... ficaram lá um tempo e pelo jeito não gostaram.... pq se mudaram para Primavera do Leste (que acho que também não era muito bom). Aí tornaram a se mudar... foram morar num lugarejo chamado Paraíso.

No fundo de sua casa passava um rio que uma vez, depois de fortes chuvas, encheu tanto que chegou perto da porta da cozinha (isso que o barranco do rio era mó alto, hein). Depois se mudaram de novo... voltaram para Primavera (que voltou a não ser tão ruim assim).

Era uma criança que toda mãe queria ter... mas que bem poucas merecem. Era loira... quieta... obediente... inteligente. Aprendeu a ler muito cedo, com apenas 3 anos.

Foi uma criança privada do convívio social com outras crianças. Tão fantástica e tão sozinha. Em 1983 nasceu sua primeira irmã, Giovanna. Agora tinha um pouco de companhia de uma irmã que (com toda certeza) nasceu chorando (de parto normal tb) e continuou chorando durante um bom tempo (ou seja... era uma criança chorona... depois se tornou meio doida... mas isso é outra história).

Como era de se esperar, ia muito bem na escola. Não pq se matava de estudar (pq isso é para os bur... para os id... para os esforçados, vamos dizer assim) mas pq seu Q.I. era de 137.

Já na adolescência, na escola fez amizade com um grupinho que garotos que não eram muito cuzões ou muito manés (pelos menos não eram naquela época ou não pareciam ser), o Carlos, o Geovani, o Dálcio... (molecada que curtia Ramones). Também começou a fazer inglês na Skyline.

Não demorou muito, foi contratada como professora. Também pudera né... inteligentíssima... e ainda com uma facilidade tremenda pra línguas. Deu nisso... professora de inglês.

Com 17 anos comprava seus próprios cd’s do Bon Jovi.

E chegou a hora de prestar o vestibular. Ano: 1997. Na Unb foi relações internacionais (infelizmente não passou... ninguém entende aquela bosta de desvio padrão) e na UEM foi direito (e passou).


Em 1998, se mudou pra Maringá (PR). Que curso mais chato é esse. Odiava o curso... mas prosseguiu. Tinha que trabalhar pra se manter. Trabalhava igual uma “camêla” no C.C.A.A. durante o dia e a noite ia pra universidade (turma 31). Nasceu sua irmã caçula, Katiana.

Com 18 pagava suas próprias corridas de táxi pra não chegar atrasada na escola de inglês.

Na turma 32, conhecia uma tal de Adriana Terezinha. Que conhecia um tal de Frederico Antonio Borges Junior (nascido em 19 de junho de 1979). A Adriana, entre uma aula e outra, apresentou o Frederico pra Silvana. Era um total mauricinho... totalmente o oposto daquilo que a Silvana passava perto. Mas como pessoa educada que era, sempre qdo o via, o cumprimentava gentilmente (pelo nome). Ele, esquecido do jeito que era, a cumprimentava tb mas com um sorriso amarelo de quem nunca se lembra do nome das pessoas a quem é apresentado.


Em 1999, por uma daquelas coincidências mais curiosas do destino, ele se muda pro mesmo prédio dela. O Fred sempre dizia “oi” e saia correndo e a Silvana era uma pessoa que gostava de conversar. Sempre o chamava pra ir tomar uma cerveja ou mesmo pra jogar conversa fora... e ele sempre fugindo. Até que um dia, ele ficou com vergonha de arrumar mais uma desculpa pra não parar pra conversar e aceitou sentar-se na frente do Ed. Canadá para ficar um pouco ali com a Silvana e a Ângela.

Que noite foi aquela... a Ângela foi embora e os dois foram pro apartamento da Silvana e ficaram conversando até quase amanhecer o dia. E várias noites foram assim... Com todas as suas diferenças aparentes, eles se identificavam um com o outro deliciosamente. Nascia ali a amizade mais deliciosa e invejável que alguém pode ter. Tanto que o termo amizade aparece pouco para definir tal sentimento. Clichê isso??? Foda-se quem acha que é clichê... é a amizade mais linda do mundo.

Cheia de brigas... vários desentendimentos... muitas lágrimas (de felicidade, de ódio, de saudade, de ciúmes)... muitos abraços... muitos beijos... muita proximidade... muita distância... muito, mas muito amor.

E assim se foram 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005...


E agora estamos em 2006... e o que esse ano reservou para o Fred??? A Silvana vai embora pra Bélgica. Está feliz por ela... que venham o mestrado, o doutorado... Só fica triste pq um número com várias casas vai entrar na seqüência, os milhares de quilômetros que passarão a separá-los.

Entendeu até aqui??? Foi assim...

Qto a ser infinita, a seqüência... isso não é. Irá se cessar qdo os 2 morrerem. Porque basta 1 estar vivo para contabilizar as lágrimas de saudade, qtos já são os dias de solidão, qtas são as noites pensando no outro... Números ainda serão acrescentados enquanto 1 ainda viver.

Qto a ter limite ou ser convergente, isso é papo pra matemático ou pra filósofo... ou só pra mim e pra Silvana.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Isso também é lindo!

Talvez o maior erro do ser humano seja mesmo agir como um turista na vida.

Turistas via de regra falam com muita propriedade de lugares onde foram uma vez só. Eu achava que seria assim também, quando eventualmente fosse turista.

Uma coisa importante que aprendi sobre mim é que ficar em algum lugar por algumas horas não me qualifica a falar dele com propriedade. Para ter noção real eu preciso de dias, semanas, às vezes meses no local...

Acabo de morar seis meses em Goiânia, e não conheço Goiânia (muitos diriam "duh, claro que conhece!" - esses são os idiotas a quem me refiro). Não me gabo de conhecer lugares por onde só passei.

Conhecer uma pessoa é igual. Você tem uma primeira impressão, depois tem outras... você testa as impressões em diferentes ambientes e contextos. Daí você começa a conhecer e poder dizer que conhece.

Nunca me engano achando que conheço alguém porque ela passou pela minha vida. Eu acho que conheço você, Fred. Acho que tudo aquilo que passamos juntos nos fez conhecer um ao outro quase nos limites do suportável.

As pessoas tinham inveja do nosso nível de simbiose, sempre tiveram... tão diferentes, ainda assim tão iguais.

A distância realmente machuca. Aquela indiferença sutil que vai surgindo depois de anos sem se ver também me machuca bastante.

Tomara que nunca, ao conversar com você, eu experimente aquela sensação de 'já estive aqui antes'...'sim, filha, essa foi nossa casa quando você era criança'...'ahhhhhhhh'.

Isso seria uma dor maior do que eu poderia suportar. Pior que nunca realmente ter conhecido um lugar que lhe desse prazer de morar é passar por ele em outros tempos e ser indiferente.

Te amo muito, meu amigo! Beijos!

7:54 PM  

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